Este texto é uma análise do filme "Antes da chuva".
O filme “Antes da Chuva” de Milcho Mancheski aborda alguns
assuntos sobre ética e fotografia. A história mostra duas realidades sociais
que parecem estar distantes, mas ao mesmo tempo, mostra que por trás de uma
ética que muitas vezes é apenas uma capa, no fundo de cada ser humano há alguns
desejos, sentimentos e pensamentos que os induzem a agir de maneiras não
éticas.
A
grande dificuldade em se julgar o que é ou não ético é o de se descobrir qual é
a verdadeira fonte da ética. Por muito tempo, Deus foi a fonte da ética, o Deus
dos hebreus que mais tarde se tornou o Deus do cristianismo, há muito tempo
crescente no mundo. Mesmo na época do povo de Israel , haviam vários outros
povos que não serviam ao Deus deles, cada povo tinha o seu Deus. Os outros povos tinham cultos que à vista do
povo de Israel e ainda à nossa vista hoje é considerado antiético como o
sacrifício de crianças. Mas o próprio povo hebreu tinha costumes que hoje
também não é considerado lá muito ético, como o sacrifício de animais.
Enquanto
a ética era baseada em Deus, ela não era mutável, uma vez que Deus não muda
(Ezequiel 3:6). Tão logo Deus deixou de
ser o legislador da ética, os seres humanos passam a sofrer com a dúvida do que
é ético ou não, uma vez que esta agora está em suas mãos.
Um
dos grandes problemas da ética é o relativismo, pode parecer que na ética
divina não existisse relativismo, porque muitas vezes ao nosso ver, era uma
ciência exata, mas na realidade, embora a ética divina não fosse mutável, alguns costumes que Ele exigia, eram sim relativos, não fosse isso, não se
haveria encerrado o costume do sacrifício de animas, a pena de morte e muitas
outras coisas, isso se deu por Jesus que embora para muitos cristãos Ele tenha
vindo para abolir a antiga lei e dar uma nova lei, na verdade veio (segundo a
Bíblia), para ensinar a verdadeira ética da lei (Mateus 5:) , ensinar que a
ética não está em fazer e sim em ser, mas isso já é uma abordagem do campo da
teologia.
O
filme mostra duas culturas em que as pessoas vivem sob suas éticas. Em uma, uma
sociedade bem organizada, ocidental, em que o governo é responsável pelos
poderes legislativo, executivo e judiciário. Fora do governo, há conceitos
éticos que influenciam também as pessoas, conceitos estes que muitas vezes
fogem do alcance da legislação tradicional como o da fidelidade conjugal. Não
conheço na verdade, algum lugar em que seja ético ou aceitável a traição
conjugal, no entanto, nos países ocidentais, uma pessoa que é pega traindo não
é presa pela polícia ou condenada à prisão. O filme apresenta uma mulher que é
casada tendo um caso extraconjugal com um outro homem, ambos não sabiam que
isso é “errado”? Então porque fazem? Porque mesmo que seja errado isso não lhes
traz consequências jurídicas?
Isso
mostra que mesmo nos lugares em que há uma lei, quer seja publicada, quer seja
imputada culturalmente, a maioria das pessoas deixam de fazer certas coisas não
porque de fato as considerem antiéticas, mas por temerem um resultado
desagradável para si, neste caso, cada um pesa suas consequências e julga quais
resultados serão ou não suportáveis.
Acontece
que mesmo em sociedades assim, há ainda aqueles que por seus motivos, agem
contrária às regras da sociedade e desrespeitam os direitos dos outros,
exagerando em sua liberdade e, isso sim lhes causa muitas consequências desagradáveis.
Aí a lei entra diretamente na vida do indivíduo, privando-lhe certos direitos
por causa do que ele fez.
Em
outras sociedades, em que o governo não tem muito domínio, as pessoas buscam
obter mais e mais direitos e vivem se confrontando com qualquer que seja diferente
de seus princípios ou valores.
Enfim,
até antes de ser inventada a fotografia, as pinturas retratavam e registravam
os costumes de uma certa sociedade, muito embora, pudesse fazê-lo apenas do
ponto de vista de alguns. Com a fotografia, os costumes e a ética do mundo é
apresentado de outra maneira, ela pode registrar o que acontece em tempo real,
exatamente como foi, mas o que pode ou
não ser fotografado? A ética na fotografia entra no mesmo dilema.
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