segunda-feira, 27 de maio de 2013

BANG BANG CLUB

             O filme Bang Bang Club Se passa no momento em que Nelson Mandela negocia o fim do Apartheid na África do Sul. Três amigos fotógrafos (Greg Marinovich (1), João Silva (2), Kevin Carter (3) e Ken Oosterbroek (4)
) que trabalhavam para denunciar os horrores da guerra civil que acontecia ali.
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                Os fotógrafos, jovens e sonhadores queriam claro, alcançar uma certa fama com seu trabalho que parecia muito emocionante, mas foi se mostrando cada vez mais sério e exigindo deles uma postura mais firme em determinadas situações. O amadurecimento deles foi se dando à medida que o tempo passava, mesmo assim, isso não abalou a paixão deles por este trabalho, mas foi dando-lhes carga para serem cada vez mais prudentes.
                As brigas constantes entre etnias, demonstram a intolerância que as pessoas tem com os demais que são diferentes. Uma das razões disso é a briga territorial, algo que acompanha a natureza. Os animais tem suas brigas territoriais, nós temos nossas brigas. A diferença é que em nossa suposta racionalidade, tendemos a nos defender de ataques que pensamos estar planejados pelo outro e sentimos o direito de nos defender, atacando.
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                Em meio à guerra, os fotógrafos queriam a melhor foto. É muito importante, neste caso, ser consciente. O que significa a melhor foto e quais as responsabilidade isso me exige como fotógrafo? A consciência é muito importante porque o fotógrafo fica em meio a venda de sua foto para sua subsistência e a responsabilidade de apresentar e denunciar os horrores da guerra. É aí que muitos fotógrafos esquecendo de sua responsabilidade, torcem para ver uma cena de horror para poderem conseguir uma “boa foto”.
                Boas fotos recebem prêmios, neste caso, o valor social é exigido. É um dos pontos levantados no filme por causa da fotografia do fotógrafo Kevin Carter. Ele fotografou um abutre perto de uma menina aparentemente prestes a morrer de fome e pela denuncia da fome como resultado da guerra ele recebeu um prêmio importante. Quando indagado sobre sua consciência ao fotografar aquela cena, ele se encontra praticamente desprovido de argumentos, o que o faz parecer alguém que se importava apenas em suas próprias necessidades, neste caso, a falta de diversas informações naquela fotografia, lhe trouxe alguns problemas, porque por exemplo, a foto não explicava que a menina havia apenas parado para descansar no caminho para um centro de alimentação.
                Mas será que só alguém plenamente consciente do que faz é que faz coisas importantes e relevantes? A fotografia, a pintura ou a música de uma pessoa que fala o que está vendo mesmo sem ter plena consciência política deve ser descartado? Na verdade, tudo o que é feito por alguém é um reflexo do que esta está vivendo, em determinado tempo, em determinado lugar e com determinadas pessoas, por isso toda produção contemporânea serve de registro de alguma forma, é claro que nem tudo tem uma função político-social, mas as produções, em si, não exigem que somente pessoas conscientes de suas responsabilidades façam algo relevante.

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Por séculos, qualquer pessoa que fosse contra a igreja era perseguido, e até mesmo condenado à morte suas ideias eram consideradas até bruxaria, este foi considerado o período das trevas, onde as diferenças não eram aceitas. Ideias como a de que a terra era redonda e a de que esta girava em torno do sol eram consideradas loucura, vinda de pessoas contrárias aos dogmas da igreja então, era um pecado ainda mais sério. Ideias de pessoas ateias então, não eram aceitas de modo algum, hoje não é assim, mas ainda existe intolerância com muitas pessoas por a falta de consciência de que a produção não depende de particularidades pessoais das pessoas quanto a sua importância social, política, filosófica, etc. A produção, embora traga certa particularidade do autor, não é o autor. Por isso, a apreciação da obra não pode ser observada de forma preconceituosa. A imagem é transformadora, portanto, embora seja importante considerar o passado, isto é, como se chegou a tal resultado, o mais importante é o que esta imagem pode fazer para o futuro, as questões que esta levanta e que podem trazer mudanças positivas .

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