sexta-feira, 14 de junho de 2013

BLOW UP


          O filme Blow Up conta a história de um fotógrafo de moda da década de sessenta na Inglaterra. Um dia ele sai para tirar fotos em um parque e se depara com um casal aparentemente apaixonado e sem que eles percebam, ele tira algumas fotos deles. Mais tarde o fotógrafo descobre que fora testemunha de um crime que ele mesmo não tinha notado. Ele tenta contar a história para várias pessoas, mas ninguém lhe dá a devida atenção, até que ele vai perdendo um a um dos elementos de prova e acaba por ficar sem nenhuma prova de que de fato ocorrera algum crime.
          Este filme traz à novamente à discussão, muitos elementos do papel da fotografia e do fotógrafo. Seria muito pouco provável que existisse fotografia sem que houvesse antes o desenho e a pintura, porque a fotografia surgiu como o desenrolar da história da humanidade em busca da imagem real. A pergunta que pode nos ajudar a compreender melhor esta busca é: para quê?
          Ao menos no que diz respeito ao retrato, a ideia é que a imagem da pessoa fique eternizada, não como recentemente a princesa Kate Middleton recebeu sua primeira pintura, porque à esta altura, a pintura não tem as mesmas características que tinha há trezentos anos atrás, quando a pintura era a melhor forma de se retratar alguém, hoje, com a fotografia, se retrata uma pessoa de qualquer ângulo possível em muito menos tempo do que se leva ao fazer uma pintura (que busque ser realista).
          Portanto, a busca pela imagem mais fidedigna possível foi o que fez a fotografia surgir. Quanto mais real for a imagem da pessoa, mais valor sentimental se dá à imagem retratada. A fotografia portanto, tem uma função estranha de dar vida novamente a pessoas e a momentos que no passado, existiram.
          A fotografia tem íntima ligação com a morte, e este é o tema do Blow Up. Especialmente na fotografia de guerra, o fotógrafo é constantemente testemunha de muitos crimes, suas fotos são testemunhas da barbárie cometida, mas nem sempre esta voz é ouvida e o fotógrafo acaba ficando só. Suas fotos acabam não servindo para o fim que deveriam servir, não por culpa do fotógrafo, mas culpa das pessoas que, na correria de fazer tudo o que der para fazer antes de morrer, deixam de exercer seu papel fundamental em vida: serem humanos.
          Este filme também trabalha com a temática do sexo que, embora possa não parecer, tem também muita ligação com a morte. A fotografia de moda é uma ilusão de uma foto que não está no passado, embora esteja sempre resgatando temas que morreram constantemente da forma mais sensual, atrativa e excitante possível. Esta fotografia dá impressão de que o que está sendo retratado está acontecendo, escondendo o passado morto ou dizendo que o que morreu está sendo recussitado agora. E esta é a grande mágica da fotografia: fazer com que o que foi passado pareça estar no presente, como se estivesse acontecendo aqui e agora, porque ao observar uma fotografia, nós nos colocamos no lugar de quem esteva ali, presenciando o fato na hora.

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