sexta-feira, 26 de julho de 2013

FOTOGRAFIA AUTORAL

            A fotografia autoral é uma referência à fotografia que não é a documental ou utilitária. Trata-se de uma fotografia artística, projeto pessoal de um determinado fotógrafo.
            Na verdade, a fotografia sempre será autoral, uma vez que todas as fotografias tem um autor, mas esta classificação é dada especialmente à, como foi dita, fotografia artística.
            A fotografia autoral precisa ser talvez mais cautelosa que a fotografia jornalística, até porque a fotografia autoral precisa de tempo para ser feita, e de fato, é feita com tempo, em contraste com a jornalística ou documental que depende dos fatos, como estão acontecendo. Ambas exigem percepção do fotógrafo, sensibilidade, uso da razão e sábio exercício da ética, porque são feitas para serem expostas e a exposição não é o fim, mas um meio para determinado fim.
            Quando a fotografia surgiu, houve a preocupação de que ela acabaria com a arte ou com o trabalho dos artistas, foi por muito tempo rejeitada como uma arte, e ainda hoje há quem não aceite. Mas se observarmos bem a fotografia, ela não é autônoma, precisa de alguém para operar o maquinário fotográfico para que então, a foto surja.
            Com este pensamento, podemos observar que a fotografia e feita da junção de um ser humano e uma máquina. Uma máquina não tem sentimentos, não entende o que está acontecendo, muito embora hoje em dia, haja aquelas máquinas que conseguem identificar sorrisos, rostos, pessoas. Será que ela sabe mesmo? Porque se for fotografado uma pessoa ao lado de um cartaz em que há outra pessoa, a máquina entende que são duas pessoas. Uma máquina não tem a capacidade por si mesma de entender qual daquelas pessoas que estão diante dela está viva, pensando, fazendo algo.
            Percepção portanto, não ficou para as máquinas, que podem até ser programadas para perceber, mas só o que seus fabricantes quiserem que ela perceba ou melhor, identifique.
Percepção é uma característica da natureza, plantas sentem, animais percebem, pessoas percebem, sentem. Por mais que qualquer pessoa possa fotografar, não é qualquer pessoa que pode fazer uma foto como resultado de sua percepção, e não me refiro às técnicas de enquadramento, luz, etc.
Percepção tem que ver também, com análise racional das implicações que uma determinada ação pode causar. Isso exige raciocínio, exige liberdade para fazer escolhas. Por mais que os animais possam perceber o que vai acontecer ou o que está acontecendo, eles obedecem à instintos e só podem dizer sim à estes.
O ser humano tem a característica que seja talvez a diferença entre os demais animais, pode dizer não à seus instintos e se disser sim, terá tido a oportunidade de dizer não, desde que, é claro, esteja em condições de exercer sua liberdade.
O ser humano, portanto, pode fazer mais que uma fotografia como registro, pode fazer uma obra de arte. Na verdade, não há uma definição correta para o que vem a ser arte, mas entendo que arte é uma percepção que vai além do senso comum e que é manifesta de forma criativa e/ou rápida. Há uma definição de arte que se trata de uma habilidade para realizar determinada coisa. Mas não se aplica ou ao menos não quero aplicá-la à este trabalho.

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