segunda-feira, 26 de agosto de 2013

FOTOGRAFIA AUTORAL - perigos da neurose

           Especialmente com o advento da era industrial, inúmeras consequências foram trazidas às pessoas. O comportamento, a visão, as expectativas, a forma pensar e muitas outras. A fotografia, bem como as outras artes, sempre estiveram presentes na história da humanidade, sendo vítima ou denunciando os equívocos cometidos pelos seres humanos.
O ser humano perdeu, portanto, parte de sua natureza, devido ao rumo que a história caminhou. Caminhando rumo à semelhança das máquinas, seu comportamento, seu modo de vida, passam a ser mais automáticos que manuais e isso traz com certeza, muitas consequências à própria existência humana, consequências estas que não são nada boas.
Freud destacou alguns problemas comportamentais nos seres humanos, que em muitos aspectos estão ligados à arte. Por isso, muito embora os trabalhos artísticos sejam bem feitos, acho que é preciso ter cuidado com o que se está fazendo e com o que se está vendo. Pode ser que em muitos casos, estejamos diante de problemas pessoais muito graves que embora sirva de tema para pesquisa e aprofundamento, é também a diagnosticação de uma enfermidade, especialmente mental.
Não é por acaso que muitos especialistas diagnosticam traumas através do uso de imagens, feitas ou não pelos pacientes.
            Pode ser que em muitos casos de imagens agradáveis aos olhos, haja uma mensagem de socorro, mas talvez não seja percebida porque devido ao reconhecimento ou mesmo ao fazer artístico, o artista encontre sua forma de lidar com seus anseios. Mas não acho necessário ou mesmo saudável, que o artista continue produzindo simplesmente por seu valor representativo na arte.
            Com esse discusso, devo dizer que muito do que é produzido e aceito como arte, ao meu ver, deve ser visto também com outros olhos, olhos preocupados no artista também, em sua vida, em seu bem estar, porque parece que a arte é a cura para os males da sociedade, ou para o inquieto que aprecia uma bela imagem (não necessariamente, no sentido estético) ou mesmo para o artista.
            Para o artista, a arte pode ser também uma válvula de escape, e válvulas de escape não curam, apenas desviam a atenção do que talvez fosse mais importante ser resolvido.
            Quem pratica atos obsessivos, está enquadrado no grupo de pessoas que sofrem de pensamentos, ideias, impulsos e outras coisas mais obsessivas. Uma neurose inicial pode ser apenas um ato justificável de organização, mas em estados mais avançados, a pessoa sofre por se incomodar com coisas desnecessárias.
            Um dos problemas de se identificar um neurótico obsessivo é que inicialmente, sua neurose não o afeta socialmente, porque geralmente os atos obsessivos são praticados sem a presença de outra pessoa. O cerimonial  é incrementado pelas atividades ornamentais que, são leis criadas pelo próprio individuo para realizar o cerimonial, por isso em caso de artistas, tanto a desordem como a ordem, podem ser vestígios de uma neurose.
            O que quero dizer com isso é que a arte precisa ser mais cautelosa em identificar o que é também produto de uma neurose ou de uma doença, que muitas vezes é aceita apenas como uma bela obra de alguém que é muito inteligente e sabe resolver bem os problemas estéticos.
            Muitos não ligam para a vida do artista, fazem uma separação entre o artista e a obra. Eu não acho conveniente, acho que a obra é uma parte do artista e se a obra é parte de um artista antiético, por exemplo, eu corro o risco de despertar nas pessoas que vêem a obra, o mesmo que o artista faz, porque pode ser que a pessoa não cometa o mesmo erro que o artista cometeu, mas acho possível que ela de alguma forma, tenha uma abertura ao pensamento do artista aceitando mais os seus erros, como sendo algo sem muita importância, passado de geração a geração, essas pequenas visões transformam comportamentos, que transformam sociedades, que transformam o mundo, que pode acabar abrigando uma população desinteressada com o que de fato importa e muito egoísta.
            Se a arte tem o papel de transformar a visão das pessoas a fim de que retornem aos princípios naturais, buscando a convivência em harmonia e respeito das diferenças, nem tudo pode ser exposto.

            Não estou defendendo que haja uma censura total da arte até porque isso seria contra o direito de expressão, mas que deve ser cuidadosamente estudado os casos e cuidadosamente alertado a quem quer que queira ver o que há de produção artística por aí.
            Este tema da neurose na arte me despertou o interesse especialmente ao descobrir que a neurose está intimamente ligada ao sexo. Se o sexo tem ligação com a morte e a morte com a fotografia, não estamos correndo o risco de estarmos cercados de neuróticos injetando seus pensamentos em nós através de sua arte, uma vez que boa parte da produção artística que se tem hoje trata de temas como a morte e o sexo?
            Há com certeza, muito a ser discutido sobre sexo, especialmente no que diz respeito à igualdade sexual, ao respeito aos que querem usar seus dons sexuais da forma que lhes parece bem, mas devemos cuidar para que não estejamos levando gato por lebre, comprando uma ideia de igualdade ou talvez liberdade sexual e levando outras coisas que não gostaríamos dentro do pacote: visões equivocadas ou doentias sobre o que era para ser resolvido.

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